quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Um idiota chamando Alexandre Garcia

Em 2010, às vésperas do dia das mães, o jornalista da rede Globo Alexandre Garcia, não se sabe se sob efeito de algum narcótico ou apenas inspirado em sua própria ignorância e arrogância, deu uma entrevista tresloucada para a rádio CBN que mais parecia um compêndio de sandices e misoginia.
Afirmou ser o parto humanizado uma "bobagem", condenou a presença do acompanhante no parto; associou o parto de cócoras a práticas indígenas; chamou de "uma maluquice" o fato do Ministério da Saúde incentivar a gravidez de mulheres portadores do vírus HIV, entre outros impropérios frutos de uma mente retrógrada e reacionária.
Em virtude desse destempero todo, a rede Parto do Princípio emitiu uma Carta Aberta em repúdio às declarações do jornalista, intitulada "Quem está brincando com a saúde?", ressaltando seu desconhecimento a respeito de políticas públicas, de legislação federal, evidenciando o teor discriminatório das declarações, ressaltando as evidências científicas que atestam os benefícios tanto da presença do acompanhante quanto das práticas humanizadas de parto e nascimento, e ressaltando a existência de protocolos de atendimento às mulheres soro-positivas que evitam a transmissão vertical do HIV, tornando possível o nascimento de bebês saudáveis. Além disso, a carta enfatiza que o direito à reprodução é um direito inalienável, quer o jornalista queira ou não, e finaliza com a indicação de um bom número de referências científicas onde podem ser buscados e encontrados todos os aspectos discutidos - ao contrário do que fez o desvairado da barba branca.


Então ontem chegou até mim um texto inacreditável do mesmo jornalista. 
Inacreditável pelo teor de mentira, ignorância, tom discriminatório, pejorativo, ultrapassado, reacionário e absolutamente não procedente.
Que me leva a crer firmemente que:

o jornalista Alexandre Garcia sente-se absolutamente confortável em desprezar mulheres; 
em desdenhar de práticas humanistas que visam assegurar a essas mulheres o direito de serem bem atendidas, não por serem cidadãs, mas por serem seres humanos; 
não se dá ao menor trabalho de fazer qualquer tipo de pesquisa antes de emitir opinião - geralmente carregada em preconceito de gênero - a respeito de temas sobre os quais não faz a menor ideia do que sejam;
mostra como tornou-se ultrapassado, retrógrado e obsoleto, inclusive por não rever de nenhuma maneira sua posição reacionária, já manifestada dois anos antes e que gerou grandes protestos de ativistas dos movimentos sociais;
desconsidera totalmente o cenário atual da obstetrícia brasileira, fortemente marcado pela violência institucional que todos os dias faz novas vítimas;
mostra desconhecer por completo a Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde, que por humanização entende a valorização dos diferentes setores envolvidos no processo de produção de saúde (usuários, trabalhadores e gestores), e cujos valores norteadores são o respeito à autonomia e ao protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade entre eles e o estabelecimento de vínculos solidários. E que usa como lema o conceito de que QUEREMOS UM SUS HUMANIZADO;
seu texto não se assemelha nem de longe à prática jornalística, estando mais próximo de uma opinião desprovida de qualquer embasamento teórico que foi dada às pressas por absoluta falta do que falar.

O texto de Alexandre Garcia começa mencionando uma suposta mulher de 40 anos, diabética, que perdeu um suposto bebê de 5 kg por ter sido convencida pelo que ele chama de "campanha do parto humanizado". Alexandre afirma que ela "quis ter o bebê em casa, de parto natural e quase morreu junto com feto". Complementa afirmando que "ela foi uma vítima de um surto de imbecilidade que assola o país". A chama de "sobrevivente de São Paulo" e acredita que ela "deveria processar essa gente irresponsável que propagandeia o tal 'parto humanizado'".
Alexandre deve ter se esquecido do furor que suas declarações de 2010 produziram nos ativistas dos movimentos sociais - estará esse esquecimento associado a um possível caso de demência? Acho possível.

O parto domiciliar que Alexandre menciona simplesmente não existiu - como foi informado por algumas pessoas que assistiram à matéria da sucursal paulista da rede Globo que noticiou o caso. E não existiu porque a moça em questão, uma moça bastante simples que realmente perdeu o filho, sequer cogitou o parto domiciliar. Ela foi atendida em uma unidade de saúde já em trabalho de parto, com dilatação em curso, e no momento do nascimento, que foi bastante complicado, houve uma lesão de coluna cervical e o bebê não resistiu. Realmente uma tragédia, cujo envolvimento nesta trama sórdida criada por ele só serviu para tornar ainda mais trágica.
E que nada tem a ver com a humanização do parto - de que parte da mente perturbada desse jornalista saiu isso?

Alexandre ainda diz que comentou o ocorrido com uma colega da Globo, que afirmou que "no tempo que era idiota, ficou onze horas de cócoras recebendo acupuntura a esperar que o filho nascesse". Eu fico pensando que tipo de ligamentos existem nos joelhos dessa moça que a permitiram ficar 11 HORAS AGACHADA?! Que comentário infeliz. Infeliz e ofensivo. Infeliz, ofensivo e absolutamente irreal.
E ele continua, dizendo que respondeu a ela que "isso só acontece com jornalista que acredita nas ondas de novidades desse tipo de retrocesso para o primitivismo".
Você se decida, ô Alexandre.
Você se decida aí se vai achar o parto humanizado uma ONDA DE NOVIDADE ou um RETORNO AO PRIMITIVISMO.
De qualquer forma, é importante dizer que antropologicamente falando, o primitivismo não é algo ruim, pelo contrário. Reflete uma crença em uma suposta superioridade do estilo de vida simples de sociedades anteriores à era industrial. Mas não. Alexandre Garcia não acha isso legal. Ele é moderno. Ele é da era João Baptista Figueiredo. Mas gosta de modernidade.

Alexandre afirma também que "outra coisa que gostamos de propagandear é o quanto os índios têm a nos ensinar". Afirma que "parece mentira que quem entra nessa onda não pára para pensar que nossa cultura evoluiu séculos, milênios, sobre culturas que ficaram na idade da pedra" e que alguns "querem que abandonemos a evolução para aderir a primitivismos".
Parece até mentira...
Alexandre: você quer mesmo falar em índios?
Quer mesmo falar sobre o que os índios têm a nos ensinar?
Quer mesmo falar sobre "o que os índios estão em busca"?
Vamos falar então.
Vamos falar sobre os índios como se deve, seu alienado reacionário metido a intelectual político bancado pela rede Globo.



Após atacar covarde e ignorantemente a humanização do parto, Alexandre Garcia direciona sua língua bipartida para os ambientalistas que lutam contra a construção de usinas hidrelétricas que levarão consigo grande quantidade de riqueza natural e humana, chamando-os de "grupos fanáticos" e tratando-os com arrogância e desprezo que antes dirigiu aos humanistas do parto.

O jornalista reacionário, que foi porta-voz do governo João Figueiredo por 1 ano e meio e que em início de carreira na Rede Globo fez-se tirando onda da cara de políticos, analisando as gafes cometidas e conquistando o apelidinho de "Alexandre Gracinha", termina o arremedo que chamo aqui de "texto"afirmando que "a praga do politicamente correto insiste em que somos todos iguais. Não somos". E afirma que somente perante um tribunal somos todos iguais e que na vida nos distinguimos por nossos "méritos e defeitos", e que "o resto é conversa mole de hipócritas".

Nesse ponto tenho que concordar com o jornalista: não, não somos iguais.
Enquanto alguns lutam pelo respeito à dignidade humana e à autonomia, enquanto outros suplicam pelo respeito à própria dignidade como seres humanos, enquanto outros são desrespeitados e violentados enquanto nascem seus filhos, vem um jornalista de imagem desgastada e ultrapassada desses pisotear a dor alheia.
Pelo menos em uma coisa Alexandre Garcia foi certeiro em seu texto, que leva como título "Hipocrisia do correto em tempo de idiotas"(e que eu confesso que dediquei algum tempo a verificar se realmente procedia, se era real, tamanho absurdo de seu conteúdo, tendo encontrado a publicação do mesmo em diferentes portais de notícias). Realmente estamos vivendo em um tempo de idiotas. E são esses idiotas que o "pessoal da humanização" busca combater.
O que deixa bastante claro sobre em qual dos grupos se insere esse jornalista.

Façamos todos o que o militar João Figueiredo, último presidente da era ditatorial brasileira, do qual Alexandre Garcia foi porta-voz, sugeriu ao próprio jornalista na célebre entrevista que concedeu para este quando ainda trabalhava na extinta TV Manchete:

Esqueçam Alexandre Garcia*.
E que possamos lembrar também da frase dita pelo mesmo militar em resposta aos estudantes de Florianópolis:

Sim, Alexandre Garcia, sua mãe está em pauta**

*em alusão à célebre frase de João Figueiredo em entrevista para Alexandre Garcia: "Eu quero que me esqueçam"
** João Figueiredo diz, em resposta a estudantes por ocasião de sua visita a Florianópolis: "Minha mãe não está em pauta"

Publicação extraída do blog Cientista que virou mãe.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Roda de Conversas Respeito ao Parto é Respeito à Mulher

Venha conversar conosco sobre humanização no parto, casas de parto, conhecer as vantagens da assistência nas Casas de Parto em contraposição a Hospitais convencionais.

Você sabia que os Centros de Parto Normal tem assistência pelo SUS?

O que são as casas de Parto e os Centros de Parto Normal?

Quais são as condições para serem atendidas nessas unidades?

Porque os Centro de Parto Normal fazem parte da política de humanização do parto?


A Uneb, através do projeto de Extensão Acolhendo a Gestação convida a todos interessados pelo tema, a participarem da Roda de Conversas Respeito ao Parto é Respeito a Mulher.
As Casas de Parto oferecem uma alternativa ao parto hospitalar e devolvem ao nascimento sua dimensão natural. Nas casas de parto, a gestante pode caminhar, comer, beber, tomar banho e algumas delas contam com o serviço de doulas voluntárias que trabalham exclusivamente para o bem estar materno. Outra vantagem está na autonomia da mulher que pode escolher a posição do parto, seja na água, deitada ou de cócoras. Acompanhantes são benvindos em qualquer momento. Após o nascimento, o bebê não é separado da mãe, facilitando a formação do vínculo.

Em Salvador temos há um ano o Centro de Parto Normal Marieta de Souza Pereira que funciona no Centro Espírita Mansão do Caminho e recentemente foi inaugurado o Centro de Parto Normal em Lauro de Freitas. 

UNEB Cabula - Auditório do Departamento de Ciências da Vida I.
26 de Outubro de 2012

 PROGRAMAÇÃO
 8:00h – 08:30h
Recepção dos participantes

08:30 h ás 08:50h
Exibição de filme
08:50h às 09:30h Abertura da Roda

Mediadoras:

  • Suzana Montenegro – Coordenadora de Enfermagem do Centro de Parto Normal Marieta de Souza Pereira (Mansãodo Caminho - Pau da Lima)
  • Adriana Leite Coordenadora de Enfermagem do Centro de Parto Normal de Lauro de Freitas


09:50 às 10:20 h – Lanche 

10:20 às 11:30 h – Continuação da Roda 

11:30 às 12:00 h - Encerramento e avaliação dos trabalhos.

sábado, 13 de outubro de 2012

Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar.


No nosso país em que fazer uma cesárea eletiva por conveniência e não por necessidade e que as "necessárias" são baseadas em diagnósticos estapafúrdios (bebê grande, cordão enrolado, pouco liquido, episio anterior, cesárea anterior... a lista é grande) e que o parto normal tornou-se sinônimo de piração, movimento de loucas que querem ter suas vaginas dilaceradas... trazer nossas crianças para marchas, colocar-lhes o que é natural, normal se faz necessário. 
Estamos lhes dando oferecendo as informações para que, quando adultos, possam fazer suas escolhas conscientes e não baseados em achismos.

"Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar."
Antônio Machado - Poeta Espanhol.

Luan nascido de parto domiciliar e Zaya nascida de cesárea após tentativa de um parto domiciliar
Marcha do Parto em Casa - Salvador junho 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Inagurada a Casa de Parto em Lauro de Freitas

Governo da Bahia entrega primeira etapa de maternidade no município

As gestantes de Lauro de Freitas, município da Região Metropolitana de Salvador (RMS), agora têm mais um espaço para o nascimento dos bebês, com a inauguração ontem da primeira etapa da maternidade (foto) da cidade. A unidade está funcionando com oito suítes e dispondo de toda a infraestrutura para realização de parto normal humanizado. O projeto da segunda etapa já está pronto, prevê a inclusão de um centro cirúrgico e tem previsão de ser concluída em 2013.
A maternidade faz parte da Rede Cegonha, do Ministério da Saúde, e foi construída por meio da parceria entre o Estado, o Município e a União. Participaram da inauguração o governador Jaques Wagner, o secretário da Saúde, Jorge Solla, e a prefeita do município, Moema Gramacho, além de mulheres grávidas e outros moradores da cidade.

Pré-natal – A Maternidade de Lauro de Freitas atende gestantes que tenham feito acompanhamento pré-natal e não apresentem risco de complicações no parto. A estrutura de atendimento foi pensada para proporcionar um parto acolhedor, ao lado da família e com todo o conforto.
"É um atendimento mais próximo, com a participação de familiares e tudo para que a mãe se sinta em casa. Ela vem, fica aqui, tem o filho e permanece ao lado dele até a alta, mas sem perder o rigor técnico", explicou a assessora técnica da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Sandra Eli.
Grávida de oito meses e se preparando para a hora do parto, a dona de casa Mônica Correia visitou a maternidade ontem. Ela aprovou a qualidade das instalações e pretende ter o filho na nova unidade. "É tudo que uma mãe deseja para o parto, estar num lugar agradável, com um parente do lado e bons profissionais de saúde."

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Inauguração da Casa de Parto de Lauro de Freitas


Essa notícia saiu hoje no site oficial da Prefeitura de Lauro de Freitas.

Será a primeira casa de parto de Lauro de Freitas, porém o primeiro Centro de Parto Normal fora inaugurado há um ano. Fica na Mansão do Caminho no Pau da Lima - Salvador.
Nesse mesmo dia, 05, a Casa de Parto Marieta Pereira (Mansão do Caminho) realizará em Salvador curso de Assistência Humanizada ao Parto e aoRecém Nascido que está com inscrições abertas em seu site e contará com nomes importantes no Brasil como Leila Katz, Melania Amorim, Roxana Knobel e Carla Polido, quando se trata da temática humanização do parto e nascimento e assistência ao bebê.


Governador inaugura Maternidade de Lauro de Freitas nesta sexta-feira (5) O governador Jaques Wagner inaugura nesta sexta-feira (5), às 9h, a primeira etapa da Maternidade de Lauro de Freitas, com a abertura do Centro de Parto Normal (CPN). Localizado na Rua Coronel Messias, Caji, nas proximidades do Batalhão de Choque, o equipamento garantirá maior humanização no atendimento e um ambiente acolhedor, seguindo o novo modelo de atenção a saúde da mulher e da criança preconizado pelo Ministério da Saúde. A Casa de Parto oferecerá oito quartos PPP (Pré-parto, Parto e Pós-parto), sendo dois deles equipados com banheira; sala de acolhimento e registro de parturiente com acompanhantes, sala de deambulação, sala de exames e admissão com sanitário, posto de enfermagem, sala de serviço, área para higienização das mãos e ambientes de apoio. O modelo atende os padrões exigidos pelo Ministério da Saúde, inclusive com auditório para realização palestras e outros eventos. A maternidade, com capacidade de atender cerca de 80 gestantes por mês, terá 22 leitos, duas salas cirúrgicas para a realização de curetagem e cesariana, e casa de acolhimento para as mães que precisarem ficar com os bebês na unidade. Uma área foi reservada para instalação da UTI neonatal que terá dez leitos e será inaugurada ainda este ano. Gleide Silva, 34 anos, moradora de Vida Nova, está ansiosa pela inauguração. No nono mês de gestação, ela deseja ter o filho no Centro de Parto Normal. “Acho ótimo poder ter o meu bebê no município, com conforto e tranquilidade. Ficarei muito feliz em poder ser uma das primeiras a dar a luz na unidade. Saber para onde ir na hora do parto é confortante e passa segurança”, completou. As gestantes serão vinculadas ao CPN através da Rede de Atenção Básica nas Unidades de Saúde da Família e poderão escolher o acompanhante de sua preferência, seja familiar ou uma “doula” – mulheres que se especializam em fazer o acompanhamento fisico e emocional antes, durante e após o parto - além de passar por atividades educativas. A equipe de profissionais do Centro é formada por médicos e enfermeiras obstetras, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo e assistente social. O diretor de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde, Hadson Namour, lembrou que os CPNs recebem gestantes de baixo risco, para garantir segurança ao nascimento dos bebês. “É preciso fazer todo o acompanhamento e levar a documentação do pré-natal”, frisou. O diretor salientou que no município há equipamentos que realizam os exames pré-natal, como as policlínicas, clínicas especializadas e as Unidades de Saúde da Família.